Sistema de Planto Direto de Hortaliças (SPDH): Cultvo da moranga híbrida Tetsukabuto
Resumo
O cultivo de hortaliças no estado de Santa Catarina, historicamente, tem sido realizado com o uso de elevadas quantidades de adubos solúveis e agrotóxicos bem como com intenso revolvimento do solo, resultando em poluição dos mananciais, perdas de solo e sementes, contaminação das pessoas que produzem e consomem os alimentos. Outro aspecto preocupante é o aumento progressivo dos custos de produção, que causa endividamento dos agricultores familiares decorrente da dependência de insumos externos. Também merece destaque que a maioria das famílias é especializada na produção agrícola, tendo a renda concentrada em uma única cultura agrícola.
Preocupados com esse cenário, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina, a Universidade Federal de Santa Catarina/Centro de Ciências Agrárias e a Universidade do Estado de Santa Catarina/Centro de Ciências Agroveterinárias têm construído, de forma coletiva, o Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH), um sistema de produção menos impactante e menos dependente de insumos externos, o que ajuda na transição da agricultura convencional para a agroecológica.
Tem-se como meta a eliminação, mas a diminuição da quantidade de adubos solúveis e de agrotóxicos aplicados nas lavouras se constitui no primeiro passo para o entendimento dos fenômenos biológicos envolvidos na produção agrícola e a construção e apropriação do conhecimento pelos agricultores. Ao entender melhor os processos, a caminhada em direção a um modelo agroecológico de produção é favorecida e permite um novo nível de diálogo entre agricultores, pesquisadores, extensionistas, professores e estudantes universitários.
O eixo técnico orientador do SPDH é a construção e a adaptação de conhecimentos e sua aplicação para diminuir a incidência de estresses e promover a saúde das plantas, propiciando condições para que a planta expresse melhor seu rendimento potencial. Para isso, são implantadas lavouras de estudo nas propriedades rurais, que são propriamente as áreas comerciais, mas também são locais de mediação de conhecimento tradicional/popular e técnico/científico, onde os envolvidos se capacitam ao interpretar e praticar os passos para a construção do novo sistema de produção e de relacionamento.