Caracterização ambiental e delimitação geográfica dos Campos de Cima da Serra

Autores

  • Valci Francisco Vieira Epagri/ Ciram
  • Denilson Dortzbach Epagri/ Ciram

Resumo

Em países com grande tradição na produção de vinhos e produtos alimentícios, como França, Portugal e Itália, as indicações geográficas têm destaque há mais tempo que no Brasil. Somente com a promulgação da Lei nº 9.279 de 14 de maio de 1996, que trata da Propriedade Industrial (BRASIL, 1996) é que o termo indicações geográficas foi introduzido no Brasil. Existem duas espécies ou modalidades de Indicação Geográfica: “Indicação de Procedência (IP)” e “Denominação de Origem (DO)”. A IP refere-se ao nome do local que se tornou conhecido por produzir, extrair ou fabricar determinado produto ou prestar determinado serviço. Já a DO refere-se ao nome do local, que passou a designar produtos ou serviços, cujas qualidades ou características podem ser atribuídas a sua origem geográfica (INPI, 2015). O QAS é um produto típico e exclusivo do Planalto Sul de Santa Catarina e dos Campos de Altitude do Rio Grande do Sul (Figura 1). A história do QAS desenvolve-se com a colonização da região pelos tropeiros no fim do século XVIII e início do século XIX. A receita de fabricação teria chegado com os portugueses que povoaram a região, sendo passada de geração para geração. O sistema de produção fundamenta-se na criação extensiva de gado de corte e na obtenção do leite em pequenas quantidades para a produção de queijos sem grandes alterações do período colonial. Oriundo das altas altitudes do sul do Brasil, o queijo serrano tem seu ambiente de produção localizado numa região de clima temperado com 77% da altitude na faixa de 700 a 1.100 metros e pontos com até 1.822 metros e solos diversificados. O produto tem sua produção basicamente concentrada em pequenos produtores, com perfil de agricultores familiares, onde se utiliza o gado de corte para produção do queijo, e não o gado leiteiro como de hábito. Além disso, os bovinos são manejados de forma extensiva sobre uma vegetação natural, denominada campos nativos, onde predominam o capim-caninha (Andropogon lateralis) e o capim-mimoso (Schizachyrium tenerum), emoldurados por capões de mato, onde se destacam as araucárias (Araucaria angustifolia) (RIES et al., 2012). A paisagem, formada por florestas de araucárias, rios, cachoeiras, vales, campos de altitude e grandes cânions, impressiona pela beleza natural. É uma das regiões mais frias do Brasil, a única onde neva em quase todos os invernos, ainda que em eventos de curta duração. O clima da região é caracterizado por verões brandos e invernos rigorosos, sendo muito frequentes as geadas. Os solos da região são rasos a pouco profundos na maioria das vezes e de baixa fertilidade natural. São observados afloramentos de rochas e relevo ondulado a fortemente ondulado. Todas essas condicionantes ambientais irão influenciar a produção das pastagens e a produção animal, que são matéria-prima diferenciada para a produção do Queijo Artesanal Serrano. O objetivo foi a realizar a caracterização edafoclimática da região do QAS, localizada no sul do Brasil, nos estados de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS), estabelecer a identidade regional, indicar características diferenciadas para a implementação da Indicação Geográfica dos Campos de Cima da Serra.

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Publicado

2022-06-21

Como Citar

Vieira, V. F. ., & Dortzbach, D. . (2022). Caracterização ambiental e delimitação geográfica dos Campos de Cima da Serra. Documentos, (274). Recuperado de https://publicacoes.epagri.sc.gov.br/DOC/article/view/1509