Aspectos metodológicos da extensão rural e pesqueira do estado de Santa Catarina
Palavras-chave:
Extensão rural, Metodologia, Santa CatarinaResumo
Um dos temas centrais da extensão rural diz respeito a pensar e repensar sobre como o extensionismo se dá no cotidiano. A reflexão sobre a metodologia de Ater é histórica, tendo em vista que vem se reconstruindo no decorrer de sua trajetória, seja no Brasil, seja em Santa Catarina, de forma específica, apresentando momentos de avanços no que se refere às suas formas de atuação junto às famílias do espaço rural. Em seus primórdios, a ênfase estava no uso da demonstração técnica e demonstração de resultados (Fonseca, 1985; Olinger, 1996; Ruas et al., 2006), com influência das teorias do americano Knapp Seaman. A seguir, o difusionismo trouxe mudanças profundas, fazendo com que a extensão se pautasse pelo modelo de difusão de inovações dos americanos Berlo e Rogers, que tinha como pressuposto central “habilitar o/a agricultor/a e sua família para obter maior produtividade resultante do trabalho realizado através do uso racional dos fatores de produção, principalmente dos novos insumos, maquinaria e do crédito” (Olinger, 1996). Seguiu-se o período de profissionalização no campo entre os anos de 1980 a 1989, época em que a extensão brasileira assumiu como nova metodologia o trabalho pautado no diálogo, levando em conta que saber popular e saber acadêmico são complementares. No entanto, e como todo processo de mudança, a proposta ocorreu em distintos ritmos e de diferentes formas nos contextos brasileiro e catarinense. A partir da década de 1990 se constatou uma aproximação maior entre a sociedade civil e o poder público com fortalecimento dos movimentos sociais. Por outro lado, no início daquela década também se extinguiu a Embrater, desencadeando profundas mudanças nos serviços estaduais de Ater, com cada estado definindo suas próprias soluções, momento em que ocorreram extinções em Santa Catarina que deram origem à Epagri. Em 2003, o MDA elaborou a Pnater, política que trouxe para o centro das ações extensionistas os princípios de agroecologia e os processos participativos. Assim, a Lei no 12.188, de 11 de janeiro de 2010, que institui a Pnater (Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural para a Agricultura Familiar e Reforma Agrária), define, em seu Artigo 2o , inciso I, que Ater (Assistência Técnica e Extensão Rural) é um “serviço de educação não formal, de caráter continuado, no meio rural, que promove processos de gestão, produção, beneficiamento e comercialização das atividades e dos serviços agropecuários e não agropecuários, inclusive das atividades agroextrativistas, florestais e artesanais”. Em seu Artigo 3o , inciso III, a Lei define que, entre os princípios da Pnater, está a “adoção de metodologia participativa, com enfoque multidisciplinar, interdisciplinar e intercultural, buscando a construção da cidadania e a democratização da gestão da política pública”. O cenário catarinense apresenta diferentes atores atuando com serviço de assistência técnica. A Epagri é a empresa pública do Estado de Santa Catarina responsável pelo serviço de ATER (SC – Lei agrícola e pesqueira no 8676, de 17 de junho de 1992); precisa, portanto, estar atenta, continuamente questionando
e refletindo sobre a sua metodologia de atuação. Dessa forma, a partir do comprometimento social que assume, a Epagri edita este material didático, detendo-se em aspectos concernentes à metodologia de extensão rural. O Documento está dividido em três Unidades. A Unidade I aborda questões relacionadas à tríade ensino-aprendizagem, comunicação e pedagogia da cooperação; a Unidade II trata de aspectos relacionados à metodologia de extensão rural e pesqueira; a Unidade III discorre sobre os auxílios visuais. Esperamos que este material contribua com o processo de formação continuada de extensionistas
rurais.
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Referências
GERBER, R. M. (Org.). Aspectos metodológicos da extensão rural e pesqueira do estado de Santa Catarina. Florianópolis: Epagri, 2016. 152p. (Epagri. Documentos, 251).